Crédito e Endividamento
5 de agosto de 2025

Consignado com FGTS em debate no Senado: sem educação financeira, a solução pode virar armadilha

 

O crédito consignado com FGTS está em debate no Senado e pode até parecer uma solução, mas sem educação financeira pode virar uma armadilha. Descubra riscos, impactos no seu orçamento e por que conhecimento é a chave para decisões seguras e liberdade financeira.

Recentemente participei de um importante debate no Senado Federal, promovido pela Comissão de Direitos Humanos, sobre os impactos da nova modalidade de crédito consignado que utiliza o FGTS como garantia — o chamado Crédito do Trabalhador, previsto na Medida Provisória 1.292/2025.

Essa discussão não poderia vir em melhor hora: estamos diante de um tema que afeta diretamente milhões de brasileiros e que, se não for tratado com responsabilidade, pode aprofundar ainda mais o problema do endividamento no país.


O uso do FGTS como garantia de empréstimos pode até parecer uma alternativa viável para quem busca alívio financeiro imediato.

Mas o que temos observado é que muitos trabalhadores estão contratando esse crédito com poucos cliques, sem compreender os riscos envolvidos e sem nenhum tipo de orientação. A facilidade de acesso vem acompanhada de um grande perigo: o comprometimento de até 30% da renda mensal e a perda de uma reserva que deveria servir como proteção em momentos difíceis.

Durante minha fala no Senado, tive a oportunidade de apresentar dados de uma pesquisa inédita realizada pela Abefin, em parceria com o Instituto Axxus, que ouviu 4 mil pessoas em todo o Brasil. O resultado foi, sem dúvida, alarmante: a maioria não entende como o crédito consignado funciona, desconhece os juros e não consegue prever o impacto real da contratação no orçamento familiar.


É justamente aí que entra a urgência da educação financeira.

Sem preparo, o que deveria ser uma solução pode se transformar em uma armadilha. Como educador financeiro, não posso me calar diante de um cenário que, de fato, coloca em risco a saúde financeira de tantas famílias. Foi uma honra participar desse debate, mas acima de tudo, foi uma responsabilidade.

Defendi, com firmeza, propostas que considero essenciais:

  • Educação financeira obrigatória antes da contratação de qualquer modalidade de crédito;
  • Transparência total nas simulações oferecidas pelas instituições financeiras;
  • Criação de uma plataforma pública para comparação de taxas e condições;
  • Maior regulação e fiscalização das operações;
  • Preservação de uma parte do FGTS como reserva intocável, garantindo um mínimo de segurança ao trabalhador.

Crédito, por si só, não é vilão.

Pode, sim, ser uma ferramenta útil para organizar dívidas ou enfrentar emergências. Mas só será uma solução verdadeira se vier acompanhada de conhecimento, planejamento e responsabilidade. O Brasil precisa urgentemente levar a educação financeira a sério — não como um acessório, mas como política pública de base.

Agradeço ao Senado pelo espaço e reitero meu compromisso com essa causa. Continuarei defendendo, onde for necessário, que o acesso ao crédito só pode ser saudável quando o cidadão está preparado para usá-lo com consciência. Educação financeira é liberdade. E liberdade, nesse caso, significa poder decidir — e não cair em armadilhas disfarçadas de oportunidade.

Fonte: Cloud Coaching

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